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quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um dia após o outro

Oi, pessoal,

Tudo bem?
Ah... eu estou aqui no famoso puerpério.
Não, ainda não voltei a trabalhar.
Gente, preste atenção:

"Após o parto, o útero se contrairá para ajudar no controle do sangramento decorrente da saída da placenta. Nos primeiros dias, esse sangramento será pouco mais intenso que uma menstruação e, progressivamente, se reduzirá até se transformar em algo semelhante a um corrimento, por até 40 dias."
 
Eu tive um parto e agora estou no pós-parto.
Entenderam?

Vou explicar: estávamos com 24 semanas e alguns dias, quase para completar 25 semanas de gestação. No início do procedimento do parto prematuro a Laura estava vivinha da Silva. Quando o corpinho passou, ela ainda estava viva, mas houve complicação durante a passagem da cabeça e, como o meu colo do útero contraiu, ela ficou presa e faleceu. Ou seja, os médicos consideraram que houve um natimorto porque ela ficou presa no períneo. Mas, eu tive um parto prematuro e não um aborto.

Uma vez, muito rápido, pensei em cancelar o blog, mas pensei melhor e pretendo mantê-lo.
Acho que estou muito pensativa. rsrrs
Cabeça gorda pensante.

Sério. Ó, outro dia conversando com uma amiga, disse a ela que não gosto de chameguinhos, nem gosto de falar sobre o que aconteceu para não parecer lamento.
Na verdade, não gosto de demonstrar minhas fraquezas. Daí ela me disse:
– Mas, Ana, você precisa colocar para fora. Precisa esvaziar a sacola, lembra?

Opa! Claro que lembro e por isso estou aqui, pessoal.
Para, novamente, esvaziar a sacola.

A maneira que encontrei para isso é escrevendo aqui ou em outro lugar, tipo e-mail, lendo artigos, relatos, livros, pesquisando sobre uma suposta patologia, que mais tarde informarei a vocês, –  por favor, sem insistência – e eu gosto, sim, de ficar sozinha, ouvindo musiquinhas, principalmente as que nomeei como Músicas da Laura, estou comendo pra caramba, principalmente doces, pães, vixi... balofona mesmo.

Não faço NADA, ABSOLUTAMENTE NADA pensando em agradar alguém.
Então, não pense que estou "tentando" ser forte.
EU SOU ASSIM.
Bem leonina, né?!
Podem falar, eu nem ligo. Adoro ser leonina. rsrsr

Às vezes compartilho as minhas fragilidades, as minhas lágrimas, as minhas melancolias, mas isso é muito raro. O Chu e a minha mãe são as pessoas com quem mais compartilho isso, mas eles sabem:
– Por favor, não fala nada. Fiquem quietinhos.

Agradeço a vocês, meus amores, que me dão tanto apoio nesse momento de nossas vidas.
OBRIGADA.
Amo vocês.

Bom... vamos relatar coisas da vida, né?
Depois do velório da Laura fomos para casa da minha mãe, mas não quisemos dormir lá.
Voltamos, eu e o Chu, para casa sozinhos.
No dia seguinte à noite, a Lá trouxe a minha mãe e ficou só um pouquinho aqui em casa com a gente.
Minha mãe dormiu aqui e ficou mais 2  dias cuidando da gente e depois foi embora com a tia Nita.

Na quarta-feira dia 4/4/2012, conversamos bastante com a Cida pelo Skype.
Imaginem só, ela lá longe sozinha, no frio (rsrsr), vendo a gente passar por tudo isso.
Não é fácil, mas eu e o Chu estávamos bem e a confortamos.

Dia 5/4, quinta-feira, meus seios começaram a inchar e ficaram duros e quentes.
Comecei a ficar mole, achei que meu corpo inteirinho estava febrio.
Não sabia o que fazer, estava com medo de produzir colostro.
Entrei em pânico.
Chorei muito, só pra variar.
Liguei para algumas pessoas, li artigos na internet, mandei e-mails.
Fiquei num desespero só.

Até que caiu a minha ficha e acabei ligando para a Ana Cristina Duarte, obstetriz, formada pela (USP-EACH), educadora perinatal, palestrante na área de humanização da assistência ao parto, consultora.

Na verdade, nós já estávamos conversando por e-mail, pois na madrugada do dia em que a Laurinha faleceu, eu enviei um relato sobre tudo o que aconteceu a ela.
Além disso, já tinha agendado uma consulta com ela para verificar se os pontos e os meus seios estavam em ordem.
Então... senti-me à vontade para ligar.
Ela me atendeu prontamente sempre muito agradável, esclarecedora e me orientou a fazer uma compressa gelada até a hora de irmos, eu e o Chu, ao GAMA.

Na consulta, ela foi como uma psicóloga.
Adoramos.
Fizemos milhões de perguntas e todas as respostas foram dadas sem titubear.
Daí ela pediu que eu enfaixasse os seios, fizesse compressa gelada e tomasse Cabergolina para inibir a lactação.
Verificou os meus pontos e falou que fisicamente eu estava ótima, apesar de sentir uma dorzinha no períneo.
Passou algumas orientações pós-parto, como a compressa de absorventes refrescantes, nutrição etc.

Na sexta-feira da Paixão fomos para casa da minha avó e nossa família estava toda reunida.
Dormimos na casa dos meus pais e voltamos para nossa casa no sábado à noite.

Dia 10/4, dirigi.
Sim, gente, há coisas que preciso resolver e o Chu precisa trabalhar e as pessoas têm suas vidas e a minha vida não pode parar.
Obrigada.

Fui ao consultório do Dr. Fábio Suzuki buscar o último ultrassom, esquecido por lá, que fiz no HMSJ antes de ser internada no HMSL.
Depois levei uma carta solicitando o prontuário de todos os exames, medicamentos, instruções médicas durante a minha internação no Hospital São Luiz, que, segundo a secretária da diretoria, ficará pronto em 5 dias.
Preciso estar munida de todos os documentos necessários para saber direitinho o que aconteceu e para fazer novos exames para verificar se há patologia a ser tratada ou não.

MOMENTO DRAMA
Evidentemente a Laura me faz muita falta.
Passo a mão na minha barriga quase negativa e bate aquela tristeza.
Penso nela constantemente.
Muitas vezes me ocupo, me distraio, mas não há como esquecer.
A sensação de pensar naquilo que poderia ter sido e não foi é muito ruim.
Percebam o drama: penso no cheirinho, aquele quentinho em meu colo, a amamentação, o quartinho arrumado, essas coisas vêm e vão, mas procuro não pensar muito nisso. Tento. Juro.

Eu também sou vítima de sonhos adiados, de esperanças dilaceradas. Mas, apesar disso, eu ainda tenho um sonho, porque a gente não pode desistir da vida. 
(Martin Luther King)
Bom... é isso.
Ainda não sei quando voltarei ao trabalho, mas, confesso, estou com muita preguiça.

Superbeijo e, mais uma vez, muito obrigada a todos que escreveram, ligaram e sentiram a nossa perda.

3 comentários:

  1. Isso mesmo, amiga! Adorei, como tudo que vc escreveu até aqui.
    Saudades. Quero te ver, mas pede pra tia Nita fazer bolo? Beijos.

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  2. Ana, te achei porque estou fazendo meu pré natal com o Dr Fábio Suzuki e fui na net buscar informações sobre ele, e vi essa sua história, nossa fiquei chocada...
    Vamos conversar, queria uma opinião sua, meu e-mail: fabiuri@ig.com.br Abs

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  3. Oi, tudo bem?
    Qual é o seu nome?
    Bem... não tive uma boa experiência com o doutor Fábio, mas não posso acusá-lo de nada.
    Podemos conversar quando quiser.

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