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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O caso da fotógrafa Caroline Lovell

Oi, gente, tudo certinho?
Como pode ser notado, estou empolgada. rsrsr

Quero falarrrrrr.
Aínnnn... me abraça? rsrsrs
  
Quero deixar bem claro que não estou defendendo nenhuma causa, mas me informo sobre muitos assuntos.
Ouço vários absurdos e/ou prescrições de todos os tipos.
E vou confessar:

– Gente, isso é muito chato.

Na verdade, muitos querem transferir suas experiências pessoais para nós que estamos engatinhando nesse universo de ser mamãe.
Até aí, tudo é muito aceitável, né?
Poxa... querem falar, expressar como foi, dar dicas, sugestões etc.
Mas, muitos se esquecem, e acho justo dizer, de que cada experiência é única.
Vejam só o comentário que a minha mãe fez outro dia:

– Filha, legal que você esteja se informando desse jeito. Na minha época não tínhamos acesso a tantas informações. Acreditávamos no que os "mais velhos" diziam ou confiávamos completamente em nossos médicos. Só falo uma coisa, pela minha experiência, tudo foi diferente de uma gestação para outra. Foram quatro experiências únicas e você terá a sua.

Alô?
Perceberam a diferença?

Leio muito e aceito qualquer tipo de informação.
Aliás, todas serão muito bem-vindas e eu agradeço demais, mas "pitaco" eu não gosto não, viu?

E podem dizer que é frescura tudo isso, eu não me importo.

Porque prefiro ser "frescurenta" me informando, do que ser "frescurenta" ignorante.

Obrigada, Brasil. rsrsr

Bom... hoje eu escutei sobre o caso da fotógrafa australiana Caroline Lovell.
Sim, escutei. Porque ninguém veio falar comigo sobre o assunto e eu não tinha conhecimento dele até então.
Por esse motivo, colocarei aqui o post da Nanda que publicou no Blog Mamíferas.
As fatalidades são muitas, pessoal.
Evidentemente, não temos 100% de controle sobre as coisas, mas sou super a favor da gente fazer aquilo que tem vontade, aquilo que desejamos.
Claro, tudo com muita responsabilidade e sem excessos por favor.

OBS.: não revisei o texto da Nanda.

Bjo.


Para entender o rebosteio que a notícia sobre a morte de Caroline Lovell, é preciso entender um pouco como o jornalismo funciona. O fato noticioso é aquele acontecimento que se difere do corriqueiro. Uma queda de avião, um transatlântico naufragado, três prédios desmoronados, a tropa de choque sendo usada para expulsar famílias inteiras de suas casas… Exceções são abertas para assassinatos, que embora corriqueiros, tornam-se fatos noticiosos per se.
O jornalismo de internet brasileiro tem a péssima mania de pegar matérias de outros sites, postando uma tradução meia-boca que mais confunde do que informa o leitor. Isso é feito com basicamente todas as notícias internacionais em “primeira mão”, portanto não há de ser feita uma acusação específica. O texto – de todas as fontes, de todos os portais – é tão ruim que nem podemos acusa-lo de parcial: eu realmente acredito que o desencontro de informações foi um erro de tradução. Fica no ar a pergunta: há algum interesse por trás da disseminação dessa notícia?
O fato curioso é essa notícia ter recebido tamanho destaque na página principal desses portais. Não me recordo de Marni Kotak, aquela artista novaiorquina ter recebido tamanha noticiabilidade ao dar à luz em uma galeria de arte, acompanhada de uma parteira e seu esposo somente. A vida não vende jornal, nem gera cliques. E então temos a nossa resposta: sim, há interesses por trás da repercussão que a morte de Caroline Lovell gerou internacionalmente.
Lovell era uma fotógrafa australiana, ativista pelo parto domiciliar. Ela lutava para que o direito de parir em casa fosse reconhecido pelo Estado, que tentava proibir a atuação das parteiras (midwives) na Austrália, mais ou menos como o Brasil anda fazendo, dificultando o único curso de obstetrizes existente no país. Morreu devido à complicações no seu segundo parto domiciliar, após ser habilmente transferida, falecendo no dia seguinte, já internada no hospital, de causas ainda não divulgadas.
Logo agora, que a Grã-Bretanha está se movimentando no sentido de garantir às cidadãs britânicas o direito de terem um parto domiciliar assegurado pelo sistema de saúde público. Logo agora, que estudos vem comprovando que o parto domiciliar é tão seguro quanto o parto hospitalar. Logo agora, que o parto domiciliar torna-se uma opção consciente, cientificamente embasada e entra na pauta não graças aos seus riscos, mas por que vem se tornando uma melhor opção para as gestantes de baixo-risco.
Porque com o Projeto Cegonha chegando por aí fantasiado de humanizador do atendimento obstétrico, logo surgiriam os questionamentos: mas peraí? Não seria mais interessante capacitar obstetrizes para a assistência domiciliar de baixo risco? Essa não é uma opção mais viável e lógica para os locais remotos do Brasil, onde, aliás, as parteiras tradicionais ainda atuam? Não, não. Demonizar o parto domiciliar antes que ele se torne um questionamento parece mais fácil do que responder a essas perguntas.
A morte de Lovell é o resguardo de vários sistemas de saúde privatizados em todo o planeta, que dependem da medicalização do nascimento para garantir seu lucro. E é por isso que ela é notícia. Os argumentos de que essa morte é notícia por ser raridade são válidos, mas não abrangem a totalidade dos fatos. Graças à tecnologia, as mortes materno-infantis diminuiram bastante, apesar de ainda serem cotidianas. Morre-se no parto normal, morre-se na cesariana. Morre-se em casa, na ambulância, no hospital.
Aliás, morre-se muito mais no hospital. Morre-se por que colocam leite na veia, morre-se por infecção generalizada, morre-se por cortes em locais indevidos. As mortes materno-infantis são fatalidades, e não tem jornalista de plantão no hospital para noticiar nenhuma delas. Então enxerguem a morte de Caroline Lovell como enxergariam tivesse ela parido no hospital ou tido uma cesariana: uma fatalidade. Parem de usá-la como bandeira pelo parto hospitalar e medicalizado. É um desrespeito à memória dela e à sua luta. E é um desrespeito à nossa inteligência.

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